domingo, 1 de julho de 2007

Sufis II

"O panteísmo diria que "tudo é Deus", afirmando-o com a ideia oculta de que Deus mais não é do que o conjunto de todas as coisas. A verdadeira metafísica, muito pelo contrário, dirá ao mesmo tempo que "tudo é Deus" e que "nada é Deus", isto para acrescentar depois que Deus nada é a não ser Ele mesmo e que Ele nada é do que no mundo existe. Existem verdades que só se podem expressar por antinomias, o que não significa de modo algum que, assim sendo, estas devam constituir um "processo" filosófico obrigado a resultar numa dada "conclusão", pois o conhecimento directo situa-se acima das contingências da razão. Em suma, as verdades são profundas, não porque sejam difíceis de expressar para aquele que as conhece, mas sim porque são difíceis de entender para aquele que as não conhece".

"... a Revelação manifesta a inteligência que todas as coisas virgens possuem, sendo analogicamente assimilável - embora num plano eminentemente superior - à infalibilidade que leva as aves migradoras a dirigirem-se para sul e as plantas a orientarem-se para a luz. Numa palavra, ela é tudo aquilo que , na plenitude virtual do nosso ser, efectivamente sabemos, e bem assim tudo aquilo que amamos e tudo aquilo que somos".

"... por via da sua própria substância, o intelecto "sabe" tudo aquilo que é susceptível de ser sabido".

"O Sufi é "filho do momento" (ibn el-waqt), o que significa antes do mais que ele tem consciência da eternidade e que, pela sua "lembrança de Alá", vem a situar-se no "instante intemporal" da "actualidade celeste".

Frithjof Schuon, Compreender o Islão, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1989.